quarta-feira, 28 de janeiro de 2015

Resultados "do outro lado da 13"




Já leram "Do outro lado da 13" ? Se sim, tudo bem, vão entender a historia. Se não, vá lá, vale a pena, você vai entender o porque da minha preocupação.


"O prefeito de Aracaju, João Alves Filho assinou uma ordem de serviço para início imediato das obras de urbanização do Bairro 13 Julho. A assinatura foi realizada na segunda-feira dia 19 de janeiro na Avenida Beira Mar. O investimento da obra é de R$ 4.998.998,78 e o prazo para conclusão é de oito meses." G1Sergipe


Segundo João Alves, a Av. Beira Mar estava ameaçada de desaparecer. A força da água do rio poderia derrubar a estrutura da pista e atingir pedestres e prédios. Com base em que João Alves fez  essa previsão? 

Em vezes de fazer um estudo de impacto ambiental, a administração faz um estudo que comprovou que água daquela região possuía 1200 vezes mais de poluição do que o índice tolerável. Sim, e dai? Em vez de melhorar o tratamento do esgoto da cidade. A gestão do DEM aterra o leito do rio acreditando que fazendo isso a poluição vai reduzir. 

A falta intervenção da União, IBAMA, MPE, MPF, COHIDRO, OAB e a não intervenção da (in)Justiça de Sergipe, sem falar da inoperância, falta de compromisso e negligencia dos gestores do município de Barra dos Coqueiros. Pois os mesmos tinham conhecimento do fato e os gestores pouco se importaram com as consequências geradas pela tal obra.

Vou apresentar alguns fotos da intervenção do homem no meio ambiente.

Na imagem abaixo mostra o Bairro 13 de Julho na década de 80, como podem ver tem uma grande extensão de areia na praia, no canto esquerdo nota-se alguns pés de manguezal, lembrando que a 13 de Julho era área de manguezal e de apicum que foram aterrados para dar formação ao bairro mais nobre de Aracaju. Na imagem nota-se ondas sequenciadas indo em direção a praia "Formosa", mostrando que ai recebia forte influencia do mar de forma direta.


Aracaju na década de 80. Foto de Aracaju na década de 80. Foto de Arivaldo Azevedo Santana, fotógrafo sergipano. Foto do internauta Lineu. Arquivo da Infonet

Trinta anos depois temos o bairro 13 Julho cheio de prédios e um área de mais 350.000 m² de manguezal protegendo o pedaço de chão mais caro de Aracaju. Ocupando a praia que existia e uma grande parte da foz do rio Poxim. Pra quem não sabe, os manguezais são barreiras naturais contra ventos e ondas, reduzindo os impactos causados por fortes tempestades. 
O manguezal apareceu pela construção do bairro Coroa do Meio, reduzindo assim o impacto direto do mar. Permitindo que o mangue se restruturasse, agora bem alimentado pelos dejetos produzido pela população (esgoto) e despejado no leito do rio Poxim. O esgoto jogado no mangue é positivo para especies vegetais, pois aumenta a concentração de CO² no substrato, porém é negativo para especies animais que vivem  na água, o despejo de efluentes domésticos diminui a qualidade da água, deixando-a tóxica para peixes.  


Foto: César Oliveira

Mas o tema é o que está acontecendo do outro lado da 13 com o aterro do rio Sergipe? Quais os resultados?

Bom, em frente a obra da 13 de Julho tem um riacho que irriga o manguezal de Atalaia Nova e que escoa as águas das chuvas do bairro para o rio Sergipe. Hoje o riacho não faz nenhuma dessas duas coisas, apenas acumula o esgoto e a água da chuva dentro do mangue, tal fato ira gera consequência negativas para saúde pública.

1º O esgoto não tratado junto com água da chuva ira acumular dentro do mangue, irá aumentar a concentração de mosquitos, moscas e outros insetos, além de aumentar o número de ratos.

2º O manguezal deixa de cumprir seu papel fundamental. Algumas espécies de peixes e crustáceo dependem do mangue para sobreviver e reproduzir. Sem essa ligação não há continuidade de algumas espécies. Diminuindo a pesca e levando a extinção de algumas espécies na região.

Parece que essas questões são sem importância para os gestores de Barra dos Coqueiros.


Foz do riacho em Atalaia Nova em novembro de 2012

Foz do riacho em Atalaia Nova em março de 2013
    
Foz do riacho em Atalaia Nova em maio de 2013


Foz do riacho em Atalaia Nova em novembro de 2013



Foz do riacho em Atalaia Nova em março de 2014

Foz do riacho em Atalaia Nova em janeiro de 2015



Esse é o resultado da obra da 13 de Julho...

Hoje o rio Sergipe perdeu a interação com o riacho de Atalaia Nova que alimenta e irriga o manguezal da região. Como foi visto nas fotos, a entrada foi assoreada e aberta por retroescavadeiras. Ação feita sem nenhum estudo, pois o em pouco tempo a foz novamente foi assoreada. Tudo isso vem acontecendo de forma paralela "a invasão" ao aterro do rio Sergipe na Avenida Beira Mar, Bairro 13 Julho em Aracaju.

No início deste ano estive outra vez no local para ver como estava o processo de assoreamento do riacho. Notei que terceiros tentaram reabrir mais uma vez o riacho( informação passada por moradores). Também observei que o mar está avança sobre as casas da Atalaianha, colocando em risco os moradores daquela comunidade. Tudo indica que o mar irá fazer outro caminho para o mangue. Na ocasião fraguei duas casas já derrubadas pelo avanço do mar.  

Foz assoreada do riacho, sendo escavada por terceiros. Atalaia Nova, Janeiro de 2015


Casas na Atalainha derrubadas pelo avanço do mar. Janeiro de 2015

As duas coisas estão interligadas e são dependentes. A areia que antes se encontrava na foz do rio Sergipe, lá na Boca da Barra, do lado da Barra dos Coqueiros, uma parte está no fundo do rio e a outra adentrou o rio e se acumulou na praia da 13 de Julho, deixando-a mais rasa, tal fato aumentou a intensidade das ondas sobre a balaustra. As ondas batiam na 13 e se propagavam na direção oposta, ou seja na Atalaia Nova. Isso estava sendo feito de forma tímida até o aterro que reduziu a distância entre as margens, aumentando a intensidade das ondas em Atalaia Nova.


Assuntos relacionados:



Fórum em Defesa da Grande Aracaju contra o Aterro do Rio Sergipe

Assoreamento da foz do Rio Poxim.


Do outro lado da 13
 






Comentários
2 Comentários

2 comentários:

  1. Iaew Rafael gostei do post,rio poluido e querem aterrar(como se fosse resolver o problema)

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